CURIOSIDADES

 
CURIOSIDADES DE CAPOEIRA
 
 
 
 


1)Brincadeira de negro.

Até o século XIX os "batuques" de negros eram estimulados por serem válvulas de escape e acentuarem as diferenças entre as diversas nações africanas. A partir de 1814, começam a ser perseguidos - "brincadeira de negro" torna-se fato social perigoso de acordo com textos legais.

2)Boçal.

No período de 1810-1830 era comum evitar uma maioria de escravos da mesma etnia numa mesma senzala. Os negros perdiam a liberdade, a língua natal, os costumes e até a identidade, misturados à africanos de outros povos. Até esse período seria bastante difícil ocorrer a mistura que daria origem à Capoeira - tendo em vista o antagonismo entre as etnias.

A partir daí, no entanto, a comunidade branca começa a incentivar as diferenças entre o "boçal"(o africano, ou aquele que recusava a integração. Não falava ainda o português) em oposição ao "ladino"(escravo integrado. Já falava português) e "crioulo" (negro ou mulato nascido no Brasil), favorecendo estes últimos com trabalhos mais brandos, perspectiva de ascenção social etc.

A comunidade negra, no entanto, muitas vezes valorizava o "boçal" em detrimento do "crioulo" ou "ladino", ainda que estes últimos fossem mais ricos - a africanidade("boçalidade", palavra que adquiriu sentido pejorativo) era garantia de manutenção de valores tradicionais.
Paralelamente, as rivalidades tribais perdem quase totalmente o significado, o que facilitará a síntese lutas/danças.

3)Rabo-de-arraia.

Jair Moura explica que o rabo-de-arraia tradicional era um golpe em que, de frente para o adversário, planta-se uma bananeira, ficando-se então de cabeça para baixo e de costas para o oponente,
e imediatamente atinge-se a cabeça do inimigo com uma violenta pancada dada com o calcanhar de um ou de ambos os pés.

4)Uniforme dos angoleiros.

Mestre Pastinha instituiu o uniforme dos angoleiros com as cores do seu time de coração, o Ypiranga, de Salvador. Para ele o capoeira devia jogar calçado.

5)Uniforme dos capoeiras da Regional.

Mestre Bimba aboliu os sapatos no treino e instituiu o uniforme branco baseado no costume da domingueira, a roupa elegante que o capoeirista vestia e que permanecia limpa mesmo depois do jogo, provando sua competência.

6)Descriminalização da Capoeira.

Depois de ver uma exibição de Capoeira no Rio de Janeiro, em 1937, o presidente Getúlio Vargas descriminalizou-a e decretou ser aquele o "esporte autenticamente brasileiro".
Até então, os capoeiristas podiam pegar de dois meses a três anos de prisão, com pena de deportação no caso de estrangeiros.

7)A inserção do berimbau na Capoeira.

Antigamente não havia música de fundo na Capoeira. No máximo, quem estava por perto marcava o ritmo com um tambor. Em seu fabuloso levantamento publicado em 1834, "Viagem Pitoresca e
histórica ao Brasil", Jean Baptist Debret deixou claro que os tocadores de berimbau tinham a intenção de chamar a atenção dos fregueses para o comércio dos ambulantes.

Um certo Henry Koster(inglês, que se radicou em Pernambuco, virou senhor de engenho e passou a ser chamado de Henrique Costa) escreveu em suas anotações de 1816 que de vez em quando, os escravos pediam licença para dançar em frente à senzala e se divertiam ao som de objetos rudes. Um deles era o atabaque.

O outro, "um grande arco com uma corda, tendo uma meia quenga de coco no meio ou uma pequena cabaça, amarrada". Era um instrumento de percussão trazido da África. A palavra vem do quimbundo, mbirimbau.

Segundo o folclorista Édison Carneiro, foi neste século, e na Bahia, que o instrumento se incorporou ao jogo da Capoeira, para marcar o ritmo dos praticantes. O que define um jogo rápido ou lento é o toque.

8)Capoeiras e políticos.

Os capoeiristas eram contratados pelos políticos para bagunçar no dia das eleições.
Enquanto as pessoas desviavam a atenção para a confusão dos capoeiras um indivíduo colocava um maço de chapas na urna ou na linguagem da época "emprenhava a urna". Vencia as eleições o candidato que dispunha de maior número de capoeiras.

9)Frevo.

O frevo nasceu quando a polícia pernambucana desbaratou as gangues de capoeiras que chutavam e abriam caminho para as bandas militares, furando o bumbo dos outros com o guarda-chuva(conduzido pelos capoeiristas pela necessidade de ter na mão como arma para ataque e defesa, já que a prática da capoeira estava proibida) que viria se tornar a sombrinha do carnaval de Recife, elemento complementar da dança, o passista à conduz como símbolo do frevo e como auxílio em suas acrobacias.

O frevo pernambucano figura, ao lado do maxixe carioca, entre as mais originais criações dos mestiços da baixa classe média urbana brasileira, no campo da música e da dança.

Os estudiosos do frevo pernambucano, embora discordando em vários pontos quanto a pormenores de sua história, são unânimes em concordar que a origem do passo (nome atribuído às figurações improvisadas pelos dançarinos ao som da música) se prendem à presença de capoeiras nos desfiles das duas mais famosas bandas
de músicas militares do Recife da segunda metade do século XIX: a banda do 4º Batalhão de Artilharia, chamado o Quarto, e a da Guarda Nacional, conhecida por Espanha por ter como mestre o músico espanhol Pedro Garrido.

O costume dos valentões abrirem caminho de desfiles gingando e aplicando rasteiras sempre fora comum em outros centros urbanos, como o Rio de Janeiro e Salvador, principalmente nas saídas de procissões. No caso especial do Recife, porém, a existência de duas bandas rivais em importância serviu para dividir os capoeiras
em dois partidos. E estabelecida essa rivalidade, os grupos de capoeiras começaram a demonstrar as excelências de sua agilidade à frente das bandas do Quarto e do Espanha, aproveitando o som da musga para elaborar uma complicada coreografia de balizas, uma vez que todos usavam bengalas ou cacetes da duríssima madeira de quiri.

Ao ritmo certamente marcial dessas bandas do Espanha e do Quarto (que partiria para o sul em 1865, quando da guerra do Paraguai), os capoeiras do Recife, além de começarem a transformar seu gingado em dança, improvisavam versos de desafio ao grupo rival.
Existem atualmente um número incontável de passos ou evoluções com suas respectivas variantes.

Os passos básicos elementares podem ser considerados os seguintes: dobradiça, tesoura, locomotiva, ferrolho, parafuso, pontilhado, ponta de pé e calcanhar, saci-pererê, abanando,
caindo-nas-molas e pernada, este último claramente identificável na capoeira.

A palavra é: FREVO! - A palavra frevo vem de ferver, por corruptela, frever, dando origem a palavra frevo, que passou a designar: "Efervecência, agitação, confusão, rebuliço; apertão nas reuniões de grande massa popular no seu vai-e-vem em direções opostas
como pelo Carnaval", de acordo com o Vocabulário Pernambucano de Pereira da Costa.

Divulgando o que a boca anônima do povo já espalhava, o Jornal Pequeno, vespertino do Recife, que mantinha a melhor secção carnavalesca da época, na edição de 12 de fevereiro de 1908, faz a primeira referência a palavra frevo.

10)Festa de Arromba.

Canjiquinha foi o criador da Festa de Arromba, jogada nas festa de Largo da Bahia.
Nessas comemorações vários capoeiristas se reuniam e jogavam em troca de dinheiro e bebida

11) O Surgimento do termo "Capoeira Angola".

 

Foi em 23 de fevereiro de 1941, que mestre Pastinha (Vicente Ferreira Pastinha), após estar afastado da capoeira por quase 20 anos, juntamente com alguns capoeiristas de sua época fundaram o “CECA”, Centro Esportivo de Capoeira Angola, o que talvez tenha sido a primeira reação expressiva dos capoeiristas que não engrossaram as fileiras da ,então crescente, Capoeira Regional de mestre Bimba.
Essa organização, segundo o próprio mestre Pastinha em seus manuscritos, implicou desde a escolha do nome e do uniforme, com as cores do seu time de coração, o Esporte Clube Ypiranga, até a formação de capoeiristas especializados em tocar, jogar, cantar além das funções administrativas do Centro. Outro fato curioso era a preocupação registrada por mestre Pastinha em não só estabelecer regras para o jogo, mas explicá-las; um código de ética que, com certeza, considerando o carisma do mestre, influenciou toda a geração de uma época, carente de liderança capaz de resistir ao crescimento da Capoeira Regional.
Afirmo isso, porque outros mestres da mesma época, como Daniel Coutinho, o mestre Noronha, por exemplo, mestre respeitadíssimo no mundo capoeirístico, também em seus registros, estabeleceu e apresentou regras de conduta para um jogo que, para ambos os mestres, era muitas vezes tratado como esporte, bom para o físico e a mente, além de ser uma excelente defesa pessoal. Nesse contexto, fica claro que toda essa preocupação em organizar a capoeira tida como tradicional ou original com o intuito de preservar as tradições dos velhos mestres, inclusive conferindo-lhe um nome que a diferenciasse da Capoeira Regional, é algo mais recente e condicionada do que normalmente se imagina. Quanto ao termo "angola" propriamente dito, posso destacar algumas possíveis explicações:   - O fato do mestre que ensinou Mestre Pastinha ser africano de Angola; - O fato da manifestação que, acredita-se,  tenha dado origem a capoeira (N'golo ou Dança da Zebra) seja africana, do sul de Angola; - Ou ainda o fato de que Angola era, e foi por muito tempo uma colônia portuguesa, tornando-se assim, um forte referencial para todas as manifestações vindas da África. 
Portanto, o importante é perceber que, o que hoje conhecemos como Capoeira Angola e que muitas vezes é vista como a capoeira mais antiga, é fruto do esforço de alguns mestres em estabelecer normas de conduta para apresentar uma capoeira tão autêntica quanto a que mestre Bimba criou e dessa forma também ter o seu reconhecimento perante a sociedade.

Está dito!

Mestre Ribas.

12) O Batizado.

O batizado era quando o aluno jogava pela 1ª vez na roda com o acompanhamento dos instrumentos que era formado por 1 berimbau e 2 pandeiros. O mestre escolhia o formado que jogaria com o calouro e então toca "São Bento Grande", toque que caracterizava a capoeira regional, para isso o calouro era colocado no centro da roda para que o formado ou o próprio mestre desse um apelido a ele. Escolhido o "nome de guerra" todos aplaudiam e então o mestre mandava o calouro pedira a "Benção" do padrinho, e ao estender a mão para o formado que o batizou, receberia uma Benção (golpe) que o jogava no chão. Era necessários pelo menos, 6 meses de treino para se formar na Capoeira Regional. O exame era realizado em 4 domingos seguidos, no Nordeste de Amaralina, academia do mestre, os alunos a serem examinados eram escolhidos por ele. Durante 4 dias os alunos eram submetidos a algumas situações onde teriam que mostrar os valores adquiridos durante a fase de aprendizado, como por exemplo: força, reflexo, flexibilidade e etc. No último domingo é que o mestre dizia quem havia sido aprovado e então ensinava novos golpes e também marcava o dia da formatura.

12) A Formatura.

A Cerimônia iniciava com uma roda de formados antigos para que as madrinhas e os convidados pudessem ver o que era a Capoeira Regional. Mestre Bimba ficava ao lado do som, que era formado por 1 Berimbau e 2 pandeiros, comandando a roda e cantando as músicas características da Regional. Terminada a roda, o mestre chamava o orador que geralamente era um formado mais antigo para falar um breve histórico da Capoeira Regional e do mestre. Após o histórico, o mestre entregava as medalhas aos paraninfos e os lenços azuis (Graduação dos Formados) as madrinhas. O paraninfos colocava a medalha ao lado esquerdo do peito do Formado e as madrinhas colocavam os lenços nos pescoços dos seus pespectivos afilhados. A partir dai os formados demonstravam alguns movimentos a pedido do mestre para mostrar a sua competência, incluindo os movimentos de "cintura desprezada", "jogo de floreto" e o "escrete" que era o jogo combinado com o uso dos Balões. Para Terminar, chegava a hora do "Tira-medalha" onde o recém formado jogava com um formado antigo que tentava tirar a sua medalha com qualquer golpe aplicado com o pé. Só então depois de passar por isso tudo é que o aluno poderia se considerar aluno formado de mestre Bimba, tendo direito até a jogar na roda quando o mestre estivesse tocando Iuna que era o toque criado por ele para esse fim. A partir dai só restava o curso de especialização.