CAPOEIRA REGIONAL

 
A Capoeira Regional
 
 
 
 

CAPOEIRA REGIONAL

Fonte: O caminho do Berimbau.
Livro de Reginaldo da Silveira Costa, Mestre Squisito, Brasilia-DF.

O jogo Regional ou a Luta Regional Baiana, se caracteriza pôr ser jogado sob os toques da Capoeira Regional: São Bento Grande Regional, Idalina, Benguela, Amazonas, Iúna, segundo os princípios desenvolvidos pelo seu criador, Manoel dos Reis Machado – Mestre Bimba (1900 – 1974). Não basta ser um toque rápido para que se transforme o jogo em Regional.

Tem regra, tem jogo específico para os toques específicos, tem fundamentos próprios. Jogo Regional pode ser de fora, como também pode ser de dentro. Pode ser alto ou baixo. Pode ser jogado na manha do toque da Benguela, que o Mestre criou para acalmar os ânimos. Mas tem que ser marcado, sincronizado no toque do berimbau único que segura a roda e dá ritmo ao jogo. Não tem que disparar apressado que não possa mais cantar.

Pode ser manhoso também. Regional tem força, garra, ritmo, com tecnica e muita ciência também. A falta de respeito com os fundamentos da Regional é muitas vezes tão grande quanto para com a Angola, uma vez que a maioria dos capoeiras dizem serem adeptos e praticantes da Regional e não conhecem, salvo exceções, os fundamentos desse estilo. A regional tem sua própria ciência e eficiência. Se pretende-se seguir este estilo, deve-se buscar conhecer e obedecer os seus princípios, defendê-los e respeitá-los.

Podemos dizer que sejam representantes legítimos da Capoeira Regional os ex-alunos de Mestre Bimba e seus descendentes diretos e os demais capoeiras que sejam fiéis às suas bases e filosofias, independente da origem do conhecimento adquirido, se for autêntico é claro. As cantorias na Regional, foram divididas entre quadras e corridos, diferente da Angola que abre com a ladainha e depois passa para os corridos.

OUTRAS FONTES

MESTRE BIMBA

Manuel dos Reis Machado nasceu no dia 23 de novembro de 1900, no bairro Engenho Velho, Freguesia de Brotas, Salvador, Bahia.

O apelido ele ganhou logo ao nascer de uma aposta feita entre sua mãe, Maria Martinha do Bonfim e a parteira que o aparou.

Seu pai, Luís Cândido Machado, era conhecido como um grande batuqueiro, campeão de batuque.
Iniciou-se na capoeira aos 12 anos de idade, seu mestre foi o africano Bentinho, capitão da Companhia de Navegação Baiana.

Aos 18 anos começa a dar aulas no bairro onde nasceu. Como ele mesmo dizia:
“ Em 1918 não havia escola de capoeira, havia sim rodas de capoeira, nas esquinas, nos armazéns e no meio do mato ”.

Em 1928 achando que a capoeira que ele praticava e ensinava era pouco competitiva, e que deixava a desejar em termos de luta, juntou golpes de batuque à capoeira de angola e criou a capoeira regional.

“ Fiz a capoeira regional. Enquanto estudava e praticava a de angola fui inventando e aperfeiçoando novos golpes ”.
“ Em 1928 eu criei, completa, a regional que é o batuque misturado com a angola, com mais golpes, uma verdadeira luta, boa para o corpo e para a mente .”

A capoeira regional criada por Mestre Bimba foi motivo de muita polêmica entre os outros capoeiristas que não concordavam com sua radical mudança. Por outro lado, os jornais e revistas da época não cansavam de noticiar suas proezas. A fama de Bimba e da capoeira regional se propaga pelo Brasil.

Em 1932, fundou sua primeira academia especializada com o nome de “Centro de Cultura Física e Regional”.  Cinco anos depois, em 1937, era reconhecida e registrada oficialmente  pelo governo. Em 1939, Bimba ensina capoeira regional no quartel do CPOR.  Instalou sua segunda academia em 1942.

Bimba leva a capoeira em exibições por todo o país e em 23 de julho de 1953 apresenta-se para o então presidente Getúlio Vargas, no palácio da Aclamação em Salvador. Ao apertar-lhe a mão o Presidente disse:
  “ A capoeira é o único esporte verdadeiramente nacional .”

Foi depois desta apresentação que Getúlio Vargas liberou as manifestações populares até então perseguidas e, com isso, beneficiou a capoeira que deixou de ser proibida pela polícia.

Casado e pai de 10 filhos, Bimba enfrentava problemas financeiros. Assim, acreditando em promessas de maior reconhecimento e de uma vida melhor, Mestre Bimba deixa Salvador e parte para Goiânia.

Porém sua vida em Goiânia não foi como lhe haviam prometido. Um ano depois de deixar a Bahia, no dia 05 de fevereiro de  1974, morre Mestre Bimba.

“ O homem que elevou a capoeira de status, que a tirou de baixo do pé do boi, como gostava de dizer, e a introduziu nos meios universitários e sociais de Salvador, que foi citado em enciclopédias e filmado por turistas do mundo todo .”
Sepultado em Goiânia, seus restos mortais foram transladados para Salvador em 20 de julho de 1978.
“ Bimba se foi mas deixou sua majestosa, inigualável obra, a qual, como ele, tornaram-se imortais, deixando sua filosofia e sua força de fazer uma capoeira forte e insuperável, uma capoeira autêntica, digna de ser chamada Capoeira Regional, a arte marcial brasileira .”
Algumas criações de Mestre Bimba:
Criou a capoeira regional, na época consistia de 52 golpes.
Criou um método de ensino, a chamada seqüência de Bimba que consiste em 8 seqüências de ataque e defesa para serem executados na roda.
Criou a seqüência de cintura desprezada, que é uma série de balões cinturados, que os alunos só podiam jogar depois de formados, ao toque de iuna.
Criou o batizado de capoeira, um ritual onde o aluno é iniciado na capoeira recebendo um apelido e sua primeira graduação.
Criou a graduação na capoeira, que consistia em 4 lenços de esguião de seda:
1º lenço cor azul – aluno formado
2º lenço cor vermelho – aluno formado e especializado
3º lenço cor amarelo – curso de armas
4º lenço cor branco – mestre de capoeira