MESTRA EDNA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

MESTRA EDNA
 

MESTRA EDNA

EDNA LIMA - Mestra Edna. Primeira Mestra de Capoeira, reconhecida professora e “performer” de Capoeira. Edna possui um grau universitário em educação física e desenvolveu um programma nacional de ensino de Capoeira para escolas superiores no Brasil.

É também professora associada no Departamento de Dança da Universidade de Long Island nos Estados Unidos.

Edna Lima participou no filme “Rooftops”, sendo também apresentada em varias revistas, como por exemplo “Fitness Magazine”, “American Health”, “Vogue-Paris”, e “Cosmopolitan”. No verão de 2001 foi considerada pelo New York City Council como heroina da cultura afro-americana. Além do seu trabalho em Nova Iorque tambem uma Capoeirista reconhecida no Brasil e na Europa sendo regularmente convidada para eventos de Capoeira no Mundo inteiro.

Eu tinha 12 anos, e estava cursando a 7a serie no colègio em Guará, Brasília. Um dia veio um professor de Capoeira para apresentar as novas aulas de capoeira. Ele descreveu a Capoeira, como sendo uma luta marcial, genuinamente brasileira, muito dinâmica e atlética, que exigia muita flexibilidade. O meu sonho era ter abertura completa, quando ele mencionou flexibilidade, eu me vi naquela aula! Tentei convencer algumas amigas a entrarem comigo, tentativa em vão! Resolvi entrar assim mesmo. Só após a segunda aula percebi que não havia nenhuma menina na aula. Como havia pedido dinheiro à minha mãe para comprar uns livros -na verdade o dinheiro era para pagar a Capoeira- fiquei com receio de que ela não fosse gostar da idéia.

A sua compreensão e apoio foram os primeiros passos para a minha carreira, pois se ela não tivesse concordado com a idéia de deixar a sua filha caçula praticar uma luta como a capoeira, não tenho idéia do que teria sido o meu futuro?

Quando eu estava no último ano do ginásio, todos me perguntavam quais seriam as minhas opções para o vestibular. Decidi fazer o que me desse mais condicões para continuar treinando os desportos que mais gostava, capoeira, karate, atletismo, natação, e estudar ao mesmo tempo. A única opção era a Educação Física. Juntei o útil ao agradável. Foi um grande passo. Estou feliz com a escolha e com a minha profissão!

Quando comecei, não havia meninas fazendo capoeira. Então os meninos e o professor nao faziam nenhuma distinção. Isso ajudou muito no meu crescimento como pessoa e, também, como capoeirista. Em 1981, quando tinha apenas 20 anos de idade, meu professor de capoeira, Mestre Tabosa, me graduou na corda vermelha (Mestra). Comecei a perceber então que os homens (capoeirista), não gostaram da idéia. Capoeirista de todos os lugares vinham para testar a nova e a única mulher com graduação de Mestra. Eles jogavam com bastante agressividade comigo como nunca haviam jogado antes. Se eu não estivesse em boa forma física e bem treinada, não teria suportado a pressão. Graças ao Mestre Tabosa, aos meus amigos capoeiristas da epoca, que sempre me incentivaram, e minha mãe, eu permaneci na Capoeira.


Assim que cheguei aos Estados Unidos, tive que trabalhar arduamente para conseguir o que tenho hoje: casa, alunos, capacidade de ajudar a minha mãe no Brasil, e um nome que me deixa muito orgulhosa como atleta (karate), capoeirsta, professora universitária, e instrutora de fitness (Capoeira Workout The Best kick Butt class in New York City - Melhor aulas de fitness da Cidade de Nove Iorque). Hoje, sou convidada para dar cursos na Europa, Ásia, Norte da América e também no Brasil. As pessoas me convidam pela qualidade de ensinamento que proporciono e por usar todos os aspectos da capoeira quando a pratico e quando a ensino! Tambem pelo meu conhecimento de biomecânica, de cinesiologia dos movimentos específicos da capoeira, treinamento desportivo, adquirido nos Cursos de graduação em Educacção Física e pos-Graduação em Ciência Desportiva. Agora, 21 anos depois, tenho que agradecer ao Mestre Camisa, meu mestre da Abada Capoeira, pelos seus ensinamentos técnicos e exemplo de dignidade e honestidade que ele sempre passou! E Mestre Camisa Roxa, com meu mentor, pela sua abilidade, elegância e tranquilidade no trato de negócios relacionados a capoeira.

Hoje em dia, com a crescente procura feminina pela capoeira muitas mulheres não vêem a capoeira como uma luta mas sim como uma atividade física. O que faz muita diferença! Na minha época não havia essa diferença. Se o adversário for mais rápido, mais ágil do que você, então você precisa de um jogo mais simples, mais inteligente, pricipalmente se não temos a mesma habilidade do oponente.

O que lhe satisfaz mais na Capoeira?
Saber que os negros escravos no Brasil que a desenvolveram resistiram às punições corporais que sofreram quando eram pegos lutando capoeira. Eles utilizavam a capoeira como arma de defesa e liberdade. Isso me inspirou e sempre que me vejo em situações de desrespeito, de falta de ética profissional, e de discriminação com relação à mulher, eu me lembro sempre dos escravos que lutaram para conquistar sua liberdade. Fico feliz por ver a capoeira sendo jogada no mundo todo, em quase todos os continentes por crianças, jovens, adultos, mulheres e homens inclusive por portadores de deficiência física. Isso é o que torna este desporte fantástico!


Informação: www.ednalima.com

Texto: Edna Lima foi entrevistada para Matices via Internet por Nicole Rösner e Ricarda Bruder.